quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Situação da Gestão Farmacêutica Brasileira

Uma farmácia, necessariamente, deve ser um estabelecimento de saúde e, para tanto, deve saber gerenciar, de forma eficaz os produtos farmacêuticos bem como prestar uma atenção farmacêutica de qualidade. Entretanto, um estabelecimento farmacêutico, assim como uma distribuidora, indústrias, farmácias magistrais; laboratórios, etc. necessitam ser economicamente viáveis para que possam fazer frente aos seus gastos para manterem a sua estrutura e, ainda, conseguirem investir em inovações para que possam atender às expectativas e exigências do mercado, além da manutenção de sobrevivência do profissional envolvido. 
O farmacêutico, via de regra, é um ótimo técnico, mas tem grandes dificuldades em gerir a sua farmácia e, assim, levando-o a ter sérias dificuldades para sobreviver e competir num mercado extremamente agressivo onde a predominância é de proprietários leigos, com destaque para as grandes corporações que ganham em escala e têm uma gestão altamente profissional. Neste sentido, é fundamental e urgente que o farmacêutico-proprietário saiba, também, as ferramentas de gestão,caso contrário, está fadado ao fracasso.
Entendemos, que sem abrir mão da atenção farmacêutica, a qual é um diferencial competitivo importante, uma farmácia de farmacêutico com uma gestão eficaz, pode prosperar e, assim, motivar mais profissionais a serem proprietários. Com isso, estaríamos caminhando no sentido de farmácia de farmacêutico.
Precisamos flexibilizar esse paradigma de que a palavra lucro é ”palavrão” e que farmacêutico não pode fazer a gestão administrativa. Precisamos fazer uma grande reflexão a respeito porque o farmacêutico esta fadado a deixar de ser proprietário e ser apenas um atendente de luxo.
Ultimamente, o mercado farmacêutico tem passado por grandes transformações que estão levando as farmácias e drogarias independentes a enfrentarem grandes dificuldades e, assim, repensarem a sua unidade de negócio e, consequentemente, a sua forma de gestão.   
As farmácias que atuavam, exclusivamente, com a manipulação de medicamentos estão começando a comercializar produtos de higiene pessoal, perfumarias, medicamentos industrializados.
Nas drogarias a concorrência é ainda maior com predominância no crescimento das grandes redes levando as drogarias independentes a sérios problemas financeiros que estão fortemente calcadas na venda de medicamentos.  Para entendermos melhor os motivos de tal panorama vamos enumerar alguns, a seguir: a indústria escolheu 4  distribuidoras  para  atuarem  a  nível  nacional  (Santa  Cruz, Athosfarma  ,  Profarma  e  Panarello  )  e  algumas  poucas  distribuidoras  regionais.  Todas com finalidade essencial para serem operadores logísticos especializados e, consequentemente, as mesmas perderam o poder de negociar (conceder descontos) às drogarias e farmácias.      Nesta linha, a indústria está trabalhando diretamente no ponto de venda, ou seja, fazendo parcerias com o varejo farmacêutico a fim de fidelização com a marca e, em troca, oferecendo vantagens financeiras, como descontos adicionais ao mesmo.
A indústria farmacêutica escolheu em torno de 12.000 estabelecimentos, que equivale a aproximadamente 20% do mercado em número de farmácias, mas 80% do volume de vendas. Tudo isso, para trabalhar parceria de fidelização. Assim, deixando, à margem, a grande maioria das farmácias, que geralmente são de pequeno porte.
Os PBM são programas, cuja, sigla inglesa significa: GERENCIAMENTO DE BENEFICIOS DE FARMACIA, que operam com a indústria, empresas de convênios e empresas dos mais diversos segmentos com a finalidade de facilitar o acesso de seus colaboradores a medicamentos a um custo muito menor, geralmente, a preço de custo (preço de fábrica). Estes programas, também, são bastante dirigidos a farmácias maiores, com destaque para as grades redes.
A “guerra de preço” se de um lado beneficia a população por facilitar o acesso aos medicamentos a um custo menor, por outro lado tem o seu viés, que pode levar a uma “empurroterapia” pelo fato dos estabelecimentos terem que vender maior volume para conseguirem cobrir seus custos fixos.
No entanto, mercado, seja qual for, quem o define as suas regras é o próprio mercado. Se o varejo farmacêutico sinaliza para preços menores, ou seja, venda de medicamentos com desconto, não adianta irmos numa direção se o mercado está indo para a outra. Por isso, é muito importante estarmos atentos a esse cenário e termos competência para enfrentá-lo de forma efetiva.
No campo tributário podemos dizer que muitas farmácias de pequeno e médio porte, somente sobrevivem praticando a sonegação fiscal. Com a entrada em vigor da nota fiscal eletrônica, (previsão para dez/2008), a substituição tributária do ICMS, convênios entre estados a respeito tributos e uma possível reforma tributaria (podendo ocorrer em 2008) podem levar a uma grande “perda de competitividade”. Portanto, quem tiver o seu lucro embasado na sonegação fiscal, provavelmente, estará fora do mercado.
As redes de supermercados, com o conceito de conveniência e convergência para os seus clientes, estão expandindo o seu número de farmácias com o intuito de abocanhar 10% do mercado passando de 600 estabelecimentos para algo em torno de 1100 até 2009.
As grandes redes brasileiras estão em franca expansão e, ainda, está havendo a chegada da rede mexicana Casa Saba que entende ser o ramo farmacêutico brasileiro de ótimo potencial, pois a América latina é o melhor local do planeta para investimento nesta área, especialmente, no Brasil.
Estamos cada dia mais vendo pessoas da classe E migrando para a classe D. A classes C e D estão tendo acesso aos cartões bandeirados ou co-bandeirados, o poder aquisitivo do brasileiro está aumentando, a população está envelhecendo, a T.I. (tecnologia da informação) avança a passos largos, a classe C chegou à internet, o e-commerce está crescendo de forma exponencial, o medicamento genérico tem previsão de chegar a 40% do mercado de medicamentos em 2011, o efeito “grenn” do ecologicamente correto a cada dia tem mais força. O Brasil já é o terceiro colocado, a nível mundial, no consumo de produtos de higiene, limpeza e perfumaria, a frente de países como: Alemanha, França e Inglaterra. Perdendo, apenas, para os Estados Unidos e Japão.
Num cenário como este, onde há grandes oportunidades, mas há, também, muitos riscos, exige do gestor de farmácia ou drogaria uma administração eficaz, usando ferramentas de gestão profissional, sem, no entanto, abrir mão de que a mesma seja um estabelecimento de saúde. Assim, entendemos que devemos levar aos nossos colegas farmacêuticos algumas destas ferramentas para que possam sobreviver no mercado de extrema competição.

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